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Um raro dia chuvoso

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http://bit.ly/1rwvmLL Um dia chuvoso é sempre um dia de renovação. Um momento de folga das obrigações mesmo quando não se pode deixar o trabalho. É um dia no qual nos damos conta de que a natureza tem mais poder do que nosso tempo sempre tão bem controlado. Uma chuva torrencial é capaz de mudar os planos obrigatoriamente. Nesse dia é possível que você fique preso no carro esperando a chuva diminuir para poder chegar ao trabalho. Isso pode te permitir alguns minutos ouvindo o cair da água e te fazer contemplar a corrida das gotas no para-brisa do carro. Pode ser que você repare em uma árvore sendo molhada e se sinta revivendo como ela. A chuva nos faz pensar na vida, no que conquistamos, nos objetivos futuros, mas, principalmente no que temos feito nos intervalos disso tudo. Há quanto tempo você não se permite ser molhado por essas águas? Há quanto tempo prefere manter a roupa e os cabelos secos ao invés de sentir a água natural escorrendo pelo seu corpo? É em um dia assim que re

"Adeus é brasileiro"

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A manchete do jornal português A Bola, que afirma "Adeus é brasileiro" é de fato a mais criativa dos noticiários mundiais. Criatividade, inclusive, é um dos ingredientes ausentes em campo e motivo do vexame brasileiro. Perder para a seleção alemã já era previsível, ao menos para aqueles que acompanharam o desempenho dos jogadores alemães durante o campeonato. Ainda assim, esperava-se por um resultado menos vergonhoso para o histórico do tradicional futebol brasileiro. Entretanto, agora, é justamente esse fator que precisa ser repensado e debatido: onde deixamos de ser os melhores? Porque não mais lançamos craques com a mesma frequência dos tempos de Pelés e Ronaldinhos e ainda assim nos acomodamos?  Ao avaliar as partidas de seleções como Argentina, Alemanha, Holanda, França, Itália e até Colômbia, é nítida a superioridade do desempenho desses jogadores se comparados ao futebol brasileiro. A distância do Hexacampeonato parece ficar maior para o Brasil a cada an

Uma geração que mudou até os ditados

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Os ditados populares foram bons conselheiros aos homens por décadas, quiçá por séculos. Durante esse tempo, foram responsáveis por sintetizar e adiantar situações, baseados em experiências antecedentes. Entretanto, a partir dos anos 90, iniciou-se um processo de transformação e até de desconstrução desses ditados: um súbito reflexo da mudança de comportamento das novas gerações. Concomitantemente ao surgimento da internet e à sua democratização, aos avanços tecnológicos e à profusão da informação, uma nova geração passou a se desenvolver. Jovens naturalmente mais instruídos, revolucionários e pseudo-experientes (já que a aparente experiência advém, na verdade, do consumo de informação) vêm transformando o conceito global de sociedade. Essa geração rompeu paradigmas. Do bem e do mal. A ponto de nem os ditados populares lhe servirem mais, a não ser quando adaptados: “a fé remove montanhas. A dinamite então, nem se fala”, “a união faz açúcar”, “a primeira impressão é a que

Dúvida de 2014: Torcer pelo Hexa ou protestar?

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http://on.fb.me/SxKknU Robson está animado por participar da manifestação dos motoristas de ônibus, reivindicando melhores condições de trabalho e aumento de salário. E nesse 13 de julho está orgulhoso de si mesmo por ter deixado de fazer parte da massa manipulada e, ao invés de assistir a final da Copa – com a seleção brasileira em campo – vai lutar por seus direitos. São Paulo está verde e amarela, mas Robson age com naturalidade. Tenta não focar na bandeira nacional exposta na entrada dos bancos ou sendo carregada pela garotinha. Desvia a atenção para não despertar as emoções que todo esse cenário pode estimular. “Patriotismo de verdade é lutar por um país melhor e não dar ibope a esse circo”, pensa o jovem motorista, fazendo referência à política do pão e circo, tão eficaz desde a  Roma  Antiga. Robson pega seu material de protesto e se dirige até o ponto de encontro dos motoristas manifestantes. Lá, retira as cartolinas amassadas da mochila e pensa no que escrever

A coisa voadora

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É 2020. A Copa do Mundo de 2014 foi um fiasco. O Brasil perdeu. E a Argentina ganhou. Dá para imaginar que agora os protestos significam tanto à nossa democracia quanto o voto obrigatório. A PM foi desmilitarizada. Mas infelizmente os drones não. Agora as manifestações ocorrem e nenhum PM se machuca. Os verdadeiros combatentes são governados por controle remoto. Bom, isso não mudou muito. O país virou um caos. A oposição ao cara que disse que deveríamos ir a pé aos estádios de futebol está no poder desde aquele ano. A boa notícia é que há menos motoqueiros no trânsito de São Paulo. Em compensação você pode estar andando na calçada e trombar com essa coisa voadora. O fato é que agora os drones já entregam comida, sedex, determinação judicial e até descarregam balas na população. Por isso, até as UPPs foram desativadas. Elas são um pouco assustadoras; as coisas voadoras. Estão por todos os lados. Parecem pernilongos gigantes. Mas estão na moda. Já compõem a lista de presentes do

Quem cresce é que quer casa

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Você começa a se perceber adulto quando, aos vinte e poucos anos, morar com seus pais passa a te incomodar indefinidamente. Se você é mulher, até mesmo o jeito como sua mãe faz comida é capaz de mudar seu humor pelo resto do dia. Sem falar em ter de adoçar o café, feito sem açúcar para evitar danos à saúde. Se for homem, a insistência de seu pai em pôr o lixo na rua diariamente, como se o mundo fosse acabar se não fizesse isso, te irrita mais do que o trânsito. “Afinal, qual o problema de o lixo se acumular por algumas semanas?”. Ou ter de ensiná-lo infinitamente como escanear e anexar um documento. Nessa fase, contrariar os pais já não tem mais tanta graça. Não se trata de falta de amor. É, na verdade, excesso. Aos vinte e poucos você já conhece bem os defeitos deles e, para preservar a boa convivência, entende que é melhor ter seu próprio canto. Aquele espaço conquistado que te fará parecer adulto, embora vá mesmo é fazê-lo ter a conduta de um vagabundo. Tipo a

Automedicação: um hábito brasileiro

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Reprodução/Google Dor de cabeça, cólica, dor de garganta, dor na coluna. Que brasileiro não possui em casa uma caixinha com medicamentos para esses incômodos, muitas vezes, recorrentes? Segundo pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), 80 milhões de brasileiros possuem o hábito de se automedicar. A atuação da maioria dos médicos no sistema público de saúde é dessas em que até uma dor no pé pode ser virose. Os enfermeiros tendem a ter uma postura muito mais humana e preocupada com o paciente, enquanto alguns médicos sequer olham nos olhos dos enfermos. Portanto a automedicação pode ser um dos reflexos dessa realidade. Adicionando a isso o acesso fácil a medicamentos básicos como analgésicos, anti-inflamatórios, descongestionantes, entre outros, e a longa espera para se conseguir uma consulta, é compreensível porque tantos brasileiros preferem decidir sozinhos quais remédios tomar.   De acordo com uma pesquisa do Hospital das Clínic