A coisa voadora



É 2020. A Copa do Mundo de 2014 foi um fiasco. O Brasil perdeu. E a Argentina ganhou. Dá para imaginar que agora os protestos significam tanto à nossa democracia quanto o voto obrigatório. A PM foi desmilitarizada. Mas infelizmente os drones não. Agora as manifestações ocorrem e nenhum PM se machuca. Os verdadeiros combatentes são governados por controle remoto. Bom, isso não mudou muito. O país virou um caos. A oposição ao cara que disse que deveríamos ir a pé aos estádios de futebol está no poder desde aquele ano. A boa notícia é que há menos motoqueiros no trânsito de São Paulo. Em compensação você pode estar andando na calçada e trombar com essa coisa voadora. O fato é que agora os drones já entregam comida, sedex, determinação judicial e até descarregam balas na população. Por isso, até as UPPs foram desativadas. Elas são um pouco assustadoras; as coisas voadoras. Estão por todos os lados. Parecem pernilongos gigantes. Mas estão na moda. Já compõem a lista de presentes do Papai Noel. Na verdade até o bom velhinho tem usado os tais drones para entregar os presentes. Ah, ia me esquecendo, os drones também são excelentes ladrões. Mas a violência diminuiu muito. Afinal, os drones da bandidagem lhe arrancam a carteira da mão sem precisar de ameaças. Inclusive já é possível cometer assaltos de dentro das cadeias. Ok, não é uma grande novidade. Só os políticos ainda não descobriram como tirar proveito dos drones, afinal eles ainda não votam, nem fazem promessas nem dinheiro. Por isso, tem tramitado no Congresso Nacional uma nova lei. Legalizaram as drogas. Mas querem proibir os drones. O que não faz sentido, já que são as coisas voadoras que entregam as drogas. O novo “avião” do tráfico legalizado. A água ainda não acabou. Mas invadiu os estádios da Copa. Que viraram reservatórios. O aedes aegypti agradece. Os turistas não voltaram, apesar das promessas das autoridades. A população protesta contra os drones, enquanto os vândalos usam a coisa voadora para tocar o terror nos manifestos pacíficos. Até a fila para adoção está reduzindo. Já tem gente preferindo adotar drones. Apesar disso, está tudo tranquilo após o país da população inerte conquistar o primeiro lugar no ranking de insatisfação com o governo. Ah, agora não há mais oposição. Só drones. Mas a democracia prevalece. Isso porque deus é brasileiro. Imagina lá fora!




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