Futebol brasileiro: quem vive de passado é museu


Em entrevista ao programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, exibido nessa terça-feira (7), o jogador do Barcelona, Daniel Alves, deu um show de bola e mostrou que futebol é muito mais do que conquistar cinco Copas do Mundo. Há quase oito anos no time da Espanha, Daniel comprova o fato de que o futebol brasileiro está ultrapassado e que, muitas vezes o conceito de nós, torcedores, a respeito dos jogadores é equivocado.
Daniel Alves revelou que Josep Guardiola, considerado o melhor técnico do mundo e responsável pelas vitórias do Barça nos últimos anos, se ofereceu para treinar a seleção brasileira para a Copa de 2014, mas foi vetado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Informação que certamente fez o coração de muitos fanáticos por futebol tremer e questionar: Por quê? O próprio jogador responde: “Ficaram com receio de que os brasileiros não aceitassem um técnico de fora treinando a seleção”.
A indagação do jogador quanto a essa afirmação reflete muito a minha opinião e dos que acompanham esse esporte: “Se você não quer o melhor cara do mundo treinando o seu time, então você não quer ganhar”. A reflexão é óbvia, mas não foi pertinente para os comandantes da CBF, afinal, optaram por apostar em um técnico local e com histórico favorável, comprovando que, frente à capacidade, a popularidade serve bem melhor à política.
A entrevista de Daniel Alves trouxe à tona um pouco dos bastidores do futebol, ambiente comumente velado pela mídia e pela própria CBF. Torço para que a partir de hoje, a visão de um jogador treinado durante anos fora do país, em um continente onde o futebol é técnico e atingiu um nível de qualidade evidenciado no 7 a 1 da Alemanha, passe a ter importância.
Torcedores, jogadores e treinadores do esporte precisam calçar a sandália da humildade e reaprender o estilo de futebol jogado no mundo atualmente. O fato é que os times mundiais evoluíram contratando os nossos atletas e investindo na prudência de quem não sabe, mas insiste em aprender. Enquanto isso tinha um presidente da CBF admirando as cinco estrelas... dos hotéis de luxo em que se hospeda.

Mais revelações
Sobre Lionel Messi, companheiro de time, Daniel demonstrou sua admiração pelo futebolista e ressaltou a influência do jogador argentino nos times em que atua. Para Daniel, Javier Mascherano é o exemplo de um excelente atleta com pouco reconhecimento no mundo do esporte. Questionado sobre a visibilidade que tem no Brasil, Daniel Alves foi humilde e demonstrou não estar insatisfeito, embora seja notável o tratamento heroico que ele recebe na Espanha, ao contrário daqui.
O jogador ainda tem a intenção de findar a carreira em solo brasileiro, só não sabe muito bem como resolver o impasse entre jogar no time do coração, o São Paulo, no Bahia ou no Palmeiras, time do coração do pai de Daniel. Mas os planos podem demorar um pouco mais, já que o jogador de 32 anos recentemente teve o contrato renovado com o Barcelona por mais três anos.
Por fim, a entrevista concedida à ESPN trouxe alguma luz sobre o vexame da atuação da seleção brasileira no último mundial, desmistificando a ideia de que a situação do nosso futebol é apenas uma fase. No entanto, também foi agradável compreender que a atitude do jogador que comeu a banana que lhe jogaram como forma de ofensa, condiz com uma cara aparentemente decente e inteligente. Menos uma lenda a ser sustentada: a de que todo jogador de futebol é burro. Ufa!

Josep Guardiola


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