São Paulo é um caos que funciona muito bem, obrigado!

 

Há quem ame. Há quem odeie. De fato, para viver prazerosamente em Sampa, é preciso optar. E então aceitá-la como é. Não tente mudar as coisas por aqui. “Ah, se o trânsito fosse diferente!”, “Poxa, que clima zuado.”. Se essa for sua atitude frente à cidade, esquece. Vá embora o quanto antes ou nem venha. São Paulo é como aquele primo divertido, descolado, mas sem rumo na vida: não tem jeito. É o que é.

Sampa é uma terra sem fim que não pode ser controlada. Há um ar de liberdade difícil de sentir em outros lugares. Liberdade de ser brega, antiquado, moderno, displicente, de andar na moda. Há gente de todo balaio. Julgar o próximo não tem efeitos por aqui. Ninguém dá a mínima para a sua opinião. Os novatos, recém-chegados, podem até trazer resquícios de que se importam, mas aprendem rápido a fingir que não estão nem aí.

Vai ter gente totalmente agasalhada em dia de sol ou vestindo bermuda e camiseta em pleno inverno sim. Tu também vai encontrar alguém de óculos de sol em dia de chuva. A dica é não tentar entender, ok? É o que é. E não é da sua conta. 

Antes de vir a São Paulo, deixe seus pré-julgamentos para trás, pois esse peso extra pode atrapalhar muito sua experiência nesse lugar maluco. Doido aqui é o que não falta. Tem para todo gosto. E o pior, tem gente normal também. Aqui tem lixo e pichação na mesma rua do grafite profissional e da artista plástica de material reciclável. 

Essa cidade é um misto encantador de beleza e feiura. Alguns criticam e afirmam que Nova Iorque é bem melhor. Não caia nesse clichê. Acredite, a metrópole americana não tem nem metade da complexidade paulistana. Aposto que não vai encontrar tanta gente comprando ouro em Nova Iorque. Sem falar que ser o Ibirapuera é o sonho do Central Park.

Entendeu? Não adianta comparar São Paulo com qualquer outro lugar do mundo. Sejam os canais de Amsterdã, a Champs-Élysées de Paris ou o Hyde Park de Londres, nenhuma outra grande cidade oferece tudo em um só ponto. Isso aqui é uma megalópole de verdade. Respeita essa bagunça que tem dado certo. Não faz o menor sentido, mas funciona bem. 

Enfim, as contradições paulistanas não puderam ser explicadas nem por grandes autores, não serei eu a fazê-lo. Portanto, sem pretensões, apenas aceite-a como é. Se tu prefere um lugar mais óbvio ou calmo ou seguro ou isso ou aquilo, deixa quieto. Melhor não vir mesmo. Isso aqui não é a medida certa de nada, é só mesmo um caos que funciona muito bem.

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