A pandemia em outra perspectiva
Há quem veja o copo meio cheio e há quem o
veja meio vazio. A pandemia do Corona vírus certamente intensificou o
comportamento desses dois tipos de pessoas. Quem sempre preferiu reclamar da
vida e achar um culpado para os seus próprios problemas, encontrou no
distanciamento social a razão perfeita para continuar suas lamúrias. Ao passo
que, os aventureiros, também atônitos com essa nova realidade, optaram por
usufruir do lado bom.
O tempo de sobra estimulou a
criatividade, a troca de caminhos, a mudança de hábitos. Quantos finalmente
iniciaram a prática regular de exercícios, decidiram aprender um novo idioma ou
tocar um instrumento. Há os que mudaram de emprego, de carreira ou até de país.
Conheço quem deixou a família e quem começou uma. E há quem diga que a ociosidade
é um mal. Depende de quem usa.
Pensar e repensar a vida
deveria ser um hábito daqui em diante. O excesso de trabalho e de compromissos
funciona bem no modelo industrial de Ford, porém impede o simples ato de viver.
Estar vulnerável é parte do processo de crescimento. Não ter certezas absolutas
estimula a busca e nos move. Aos plenamente certos de tudo, meus pêsames. A
graça da coisa é descobrir algo novo constantemente e aceitar as surpresas
impostas.
Dá para mudar tanto quando o
mundo para. Temos tanto a evoluir, a refazer. A repensar. Um tempo útil usado
por muitos para lamentações e desculpas. "Não
irei estudar agora, afinal, nem sei o que vai ser do mundo", "Agora que não dá mesmo para sair da
zona de conforto". Pior que dá, meu caro. Sair da caixinha é um estilo
de vida. Independe do que acontece lá fora.
A palavra aventura sempre
prendeu minha atenção, ainda que no passado eu a associasse a alguém escalando
uma montanha. Hoje, mais velha, entendi a existência de um significado mais
profundo. Aventurar-se é arriscar-se. É decidir caminhos e fazer escolhas,
ciente das renúncias. É tentar e ver no que dá, afinal, enquanto houver fôlego,
também haverá aventura.
Aqueles que optaram por deixar
o curso, por desistir ou por manter tudo do jeito que estava, perderam uma baita
oportunidade. Poderiam estar bastante orgulhosos de si mesmos agora, apesar de
tudo. Poderiam estar mais felizes. Poderiam ter feito o bem para muita gente.
Poderiam ter conquistado o emprego dos sonhos ou terem ido morar na praia.
Por isso, fica aqui um conselho: já que não sabemos quanto tempo ainda teremos – de vida ou de pandemia – que tal investir na busca ao invés de reclamar?
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