Paris, a cidade mais visitada do mundo


Quase todo ser humano na face da terra tem o desejo de ir à Paris. Se você não se enquadra nessa estatística, tens meu respeito simplesmente por ser diferente. Ainda assim, descreverei minha percepção sobre a cidade, a fim de lhe proporcionar razões para mudar de ideia ou permanecer com a mesma, a depender do seu grau de teimosia.
Confesso que nunca fui das mais aficionadas em conhecer Paris. Provavelmente por ser um destino clichê e eu preferir tirar minhas próprias conclusões a respeito do que a maioria julga belo. Porém, estando na Europa, eu me vi tentada a desvendar os motivos de toda essa paixão pela cidade.
Em duas visitas, posso lhe afirmar que Paris é uma cidade feiamente encantadora. Os pontos turísticos possuem uma beleza apresentada nos detalhes irreverentes das construções. Por isso, é impossível não se sentir emocionado pela imensidão e arquitetura do Museu do Louvre e pela diversidade de suas obras, que vai muito além da La Joconde.
A Torre Eiffel, infelizmente (para os que assim como eu gostariam de contrariar a opinião maioral), é linda. A estrutura da construção é intrigante e, de perto, hipnotiza. Passei mais tempo sentada nos jardins que a rodeiam, observando esse símbolo da Revolução Francesa e imaginando o processo de sua edificação, do que em qualquer outra parte da cidade.
A vista de cima do Arco doTriunfo é de arrepiar, mas o próprio edifício, sua cor, altura e localização, merece aplausos. O Palácio de Versalhes choca pela sua imponência. Certamente o espaço te levará ao passado e te fará pensar no desequilíbrio entre o número de pessoas que devem ter sido mortas no processo de construção do palacete e nas outras poucas que foram beneficiadas com a existência do local.
Enfim, Paris é a história viva. A prova da capacidade humana de planejar e construir prédios com uma riqueza de detalhes inacreditável para uma época tão precária de recursos maquinários. Todavia, a cidade não é mais bonita do que São Paulo, por exemplo. Há muita sujeira nas ruas, pichação, construções inacabadas, locais ermos, poluição visual, moradores de rua.
Essa realidade me surpreendeu. Tornou o conto de fadas palpável e desfez a imagem de uma cidade intocável. Outro fato relevante de ser citado é a miscigenação. Paris é tão negra quanto branca, tão asiática quanto europeia. E isso é fascinante. A cidade é retrato dos tempos contemporâneos, símbolo do direito de qualquer ser humano de pertencer a qualquer lugar que lhe convir.
De modo geral, os franceses são politicamente conscientes. A população protesta seus direitos nas ruas, individual ou coletivamente. Carregam cartazes ou protestam através de seus corpos. Mas também há racismo. Um preconceito que parece emanar mais dos turistas do que dos nativos. Muitos olham receosos para os africanos e indianos empoderados do local, sem se sentirem inferiores aos brancos.
Por fim, os franceses fazem jus à fama de antipáticos, embora a atitude seja totalmente compreensível. Tenha em mente o quão irritante pode ser morar em uma cidade que abriga o ícone mais visitado do mundo. São milhões de turistas, todos os dias, todos os anos. Imagine-se constantemente fornecendo informações em um idioma que você não domina e tente não ficar impaciente.
Por tudo isso, afirmo que vale a pena visitar Paris. Não se incomode em bancar o turista deslumbrado, nem em pedir instruções em inglês para um francês. Isso faz parte da experiência de conhecer a cidade dos apaixonados. Tire selfies, só não se esqueça de reparar nos detalhes de cada edifício, pormenores estes que não ficarão tão evidentes nas fotos. Enfim, aproveite Paris e conclua se o clichê de ser um dos lugares mais bonitos do mundo também é verdade para você.














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