De repente...
De repente me dei conta de
que sinto sua falta. Em meio a tantos caras bacanas, me pego fazendo
comparações sobre quais seriam suas respostas para as perguntas bobas que
insisto em fazer para qualquer moço em quem vejo potencial. Acumulo frustrações
porque as falas nunca saem como planejado. Eles não dizem o quanto se importam
com o mendigo na rua, com os usuários de drogas, com aquelas flores ali no
jardim. Tantos papos, tantos lugares divertidos, tantos caras. Pena nenhum deles
possuir a sua leveza, esse seu jeito “moleque-irresponsável-que-sabe-bem-o-que-está-fazendo”
de ser. Aquele seu olhar de quem já viu de tudo na vida e, por isso, perdeu a
pressa de competir. Os outros sabem tudo sobre marcas, times, economia,
política, mas você soube tanto de mim sem nem se dar conta. Por alguma razão,
os meus ideais se encaixaram perfeitamente na sua certeza de que nada é
realmente certo nessa vida. Nada mais inspirador do que esbarrar em alguém que
não faz ideia de para onde está indo, mas que carrega consigo uma bagagem sem
etiqueta, e de plena necessidade. Saudades da sensação de ser compreendida no
mundo, de finalmente ter encontrado um bom papo, num cara tão maluco ao ponto
de aceitar minha normalidade. Era aquela tal liberdade que você não fazia
questão de esconder, que me cativou. Herdei de ti essa mania de que só posso
permitir que seja, se realmente valer a pena. E os caras bacanas não têm valido
a expectativa. Tu não veio para ficar, mas esqueceu alguma coisa aqui. Talvez
busques um dia, talvez não. Na dúvida, carrego comigo a inspiração de viver
plenamente, mas sem obrigação. Ainda assim, obrigada.
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