Puro clichê!
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Poucas coisas me incomodam tanto quanto os clichês,
por isso tenho demorado a postar textos aqui no blog. Penso em escrever sobre
as dificuldades da fase adulta: que crescer não é fácil e te obriga a optar por
trilhar caminhos rotineiros e, no futuro, ter de lidar com as frustrações ou
realizar sonhos e sofrer as consequências da incompreensão alheia.
Mas isso tudo é tão óbvio que mudo de ideia e
tento explanar sobre as dificuldades de se adquirir determinados conhecimentos
depois de certa idade. Como aprender um novo idioma, por exemplo. Eu sei, os
assuntos não têm nada a ver um com o outro, mas combinam com minha mente
perambulante. Mas essa complexidade é corriqueira também. Quem nunca?
Depois eu resolvo escrever sobre
relacionamentos. Faz tempo que ensaio pensamentos sobre a amizade, sobre o amor
de mãe ou de como é maravilhoso ser tia, mas a respeito desse último item, a Ruth
Manus já escreveu um texto perfeito, e não atingir o mesmo nível sentimental
e de coerência me deixaria frustrada, então, menos um assunto.
E a nossa dependência de aparelhos eletrônicos?
Pois é, clichê também. Começo um texto sobre o quanto o fato de usarmos os
cabelos alisados falam sobre nossos receios frente à sociedade preconceituosa,
mas já há bastantes movimentos debatendo o assunto, e aí me dá preguiça.
Em outro momento, decido discursar a respeito do
que é preciso considerar ao escolher uma profissão, para evitar arrependimentos.
Todavia, quantas são as pessoas que realmente nunca se arrependeram da escolha
feita? Ou que nunca tiveram certeza por pelo menos uma vez? Mudamos e as
decisões mudam com a gente. Mas isso você também já sabe.
Há tantos outros temas sobre os quais eu poderia
escrever. Reforma política, fator previdenciário, corrupção, Fifa, babás sem
nome, negros culpados pela cor, dengue. Há quanto tempo você ouve falar a
respeito desses assuntos, mesmo? Viu? Não há novos temas, no fim é tudo clichê.
E é claro que com esse texto eu estou fingindo não escrever sobre algo óbvio,
quando, na verdade, não saber sobre o que escrever é um tremendo clichê.
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