A arte de manter-se vivo
Manter-se vivo nos dias atuais não é das tarefas mais fáceis. Tanto
trabalho, tantos compromissos, tantas expectativas para acolher. E, às vezes,
nos perdemos de quem de fato somos e das necessidades do nosso corpo. A
necessidade de dormir um pouco mais por dia, de se espreguiçar, de ouvir um
pouco de música, ler um livro ou parar por alguns minutos só para pensar na
vida.
Há quem diga que tudo isso é perda de tempo. Ou privilégio para poucos.
Mas não é bobagem descobrir quem realmente comanda sua vida e se dar conta de
que ou você cria seus limites e impõe suas perspectivas ou passará a vida
obedecendo às regras de um jogo nada divertido e que existe mesmo com a sua
ausência. Preservar a própria saúde, mental e física, deveria ser o guia para
todas as demais ações ao longo da vida.
Trabalhos vêm e vão. Ainda bem. Afinal, qual a vantagem de se gastar a
vida toda fazendo a mesma coisa todo dia, quando o mundo nos contempla com
infinitas possibilidades? Estudar e trabalhar faz parte de investir na vida,
mas desde que não martirize e não seja só por obrigação. Ainda assim, às vezes,
é importante realizar tarefas desagradáveis, pois também é aprendizagem. Só não se esqueça de que o tempo passa rápido.
Nesses tempos em que trabalhar no que não se gosta é imprescindível,
seja pela experiência, seja pela necessidade financeira, é preciso buscar
alternativas para manter-se vivo. Vivo de alma. Olhar para o próprio corpo pode ser uma atividade interessante. Decidir por acordar mais cedo só para
caminhar ou levar o cachorro para passear e sentir o sol e o vento alimentando
o organismo, pode gerar bastante força e energia para o resto do dia.
Afinal, correr, sentir a própria respiração e testar os limites do corpo são formas de se perceber vivo, funcionando, independentemente do que ocorre ao redor, porque só você mora aí dentro. Praticar um exercício é um jeito
bonito de conhecer partes de si mesmo, nas quais nunca prestou muita atenção.
Correr ao ar livre, por exemplo, faz com que a boca seque rapidamente e o ar
deixe as mãos sujas.
Tirar um tempo para dar conta apenas de quem se é não pode ser bobagem.
Uma hora longe do que as pessoas acham de você, distante dos problemas e
preocupações, é viver plenamente, apesar dos conflitos diários. Andar consigo
mesmo é libertar-se dos outros para se conectar a si próprio, um alguém bem
mais fácil de satisfazer sem a influência das imposições externas.
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