Na torcida para que o gigante acorde em 2014


Foto: Ricardo Galhardo
...A permanência ininterrupta de governos de um mesmo partido permite ainda mais manobras corruptas.

Um evento muito importante acontece em 2014. Não, não estou me referindo à Copa do Mundo. A eleição para presidente – o maior cargo eletivo do Brasil – poderá ser um grande acontecimento após os protestos iniciados em junho desse ano em todo o país e que continuam ocorrendo, embora em menor escala. As manifestações que fizeram o Brasil se tornar manchete nos principais jornais do mundo, deixaram clara a insatisfação dos brasileiros quanto à vários temas, entre eles: saúde, educação, segurança e transporte. Entretanto o descontentamento maior foi com a corrupção política.

Natural, já que, dentre 177 nações, o Brasil ocupa o 72º lugar no ranking que avalia a corrupção no setor público, conforme o Índice de Percepção de Corrupção (IPC), divulgado em dezembro pela Transparência Internacional. Afinal, são as ações individuais e ilegais que afetam a ausência de melhorias efetivas em todos os setores acima citados. Em junho, muitos políticos se sentiram intimidados com tantos protestos e, as campanhas políticas, especialmente no horário eleitoral, passaram a utilizar as manifestações como bandeira para mudanças. Quase todos os partidos se demonstraram empenhados em atender as reivindicações populares, mas...

Bom seria que os protestos tivessem ocorrido no ano da eleição, pois muitos candidatos estão novamente confiantes de que até 2014 o tal “gigante” voltará ao seu sono profundo. Ou seja, os brasileiros já terão retornado ao estado de conformismo e, sem tanta indignação, é mais fácil apresentar as mesmas propostas de sempre e ainda receber votos. No entanto, caso a atual presidente Dilma Rousseff seja reeleita e finalize seu segundo mandato, o PT terá governado o país por 16 anos. Situação irônica para uma democracia.

Tão irônica quanto à permanência do PSDB por 20 anos em São Paulo. O PT certamente fez grandes melhorias no país e acertou na implantação de programas para redução da pobreza e facilitação do ingresso dos mais pobres na universidade, todavia, a continuação ininterrupta de governos de um mesmo partido permite ainda mais manobras corruptas. Os partidos passam a se sentir proprietários do poder e o PT poderá continuar usufruindo de muitas regalias, no mínimo, antiéticas.

Portanto, as eleições de 2014 serão uma boa oportunidade de sabermos se o “gigante” realmente acordou e quer novas propostas, novos rostos e mais comprometimento com suas reivindicações ou se os eventos de junho não passaram de um momento isolado de indignação. Caso a primeira opção esteja mais acertada, a Copa do Mundo no Brasil poderá ser um evento mais marcante do que os estrangeiros esperam, afinal, os protestos deste ano começaram na abertura das eliminatórias. Grande ano, esse 2014. 

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