A mulher como indivíduo e não objeto do machismo
Há situações pelas quais, eu, amigas e a maioria
das mulheres temos de passar cotidianamente pelo simples fato de sermos
mulheres. Pagamos um alto preço – embora, normalmente imperceptíveis – por
termos escolhido romper as antigas tradições e nos tornarmos profissionais fora
de casa. Estudamos, trabalhamos, cuidamos da família, de nós, da casa, mas
mesmo assim ainda não recebemos o merecido respeito.
No ambiente de trabalho, uma mulher comumente é
avaliada de duas formas: por ser atraente ou por ser competente. Para o clã dos
homens machistas, muitas vezes a beleza é avaliada como requisito mais
importante. Já reparou na quantidade de homens que contratam mulheres baseados
na percepção (porque obviamente beleza é um conceito relativo) que têm da
aparência delas? Pois é.
A mulher é obrigada a não se defender das
investidas masculinas para se manter no emprego, já que infelizmente olhares
cobiçosos não se enquadram como crime de assédio sexual/moral. Afinal, para
assédios mais descarados existe a lei – talvez não muito acionada pelo receio
da exposição da vítima – mas pelo menos há essa alternativa.
No entanto é o desrespeito sutil que mais
incomoda e nos deixa de mãos atadas. Quantas vezes uma mulher precisa ignorar
olhares ofensivos ao passar por uma roda de homens no trabalho? Ou ainda deixar
passar risos, comentários, brincadeiras e deslizes de olhares que saem dos
olhos e descem pelo corpo?
Como retaliação a essas atitudes há três
alternativas: demitir-se, usar burca ou continuar ignorando a sensação de ser
um pedaço de carne. Aceitar uma dessas opções é voltar no tempo e abrir mão de
ser um indivíduo convivendo em sociedade. Afinal, temos tanto direito de
trabalhar quanto um homem. Receber respeito por isso, idem.
Uns podem achar que falta imposição
desse respeito. Balela. Certos homens não enxergam a vontade alheia, apenas a
própria. É a isso que chamam machismo. O confortante é que costumes como esses
vão mudando, mesmo que aos poucos. Enquanto isso, vamos ensinando os homens de
nossas vidas e aproveitando a boa companhia daqueles tantos que nos tratam como
igual.
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