Até que ponto acreditamos em Deus?


É comum acreditarmos em Deus em uma relação de troca. Crê-se e se obedece a Deus – por amor ou temor – sempre esperando um retorno, desde proteção até alívio e bens materiais. E isso independe de religião. Fazemos a vontade Dele, expressa na Bíblia e em nós mesmos, em troca de consolo, conforto e resolução de tantas outras necessidades particulares. Mas e quando aparentemente não há esse retorno?
Não parece tão difícil amar e obedecer a Deus quando pedimos algo e recebemos. Quando temos um lar, em seu significado profundo – com estrutura física e emocional. Quando temos a chance de obter conhecimento, de praticarmos um hobby, de conhecermos pessoas boas – apesar das más. É prazeroso servir a Deus tendo roupas confortáveis, um emprego bacana, bens materiais.
Todavia, o que dizer daquelas pessoas que moram em uma casa literalmente caindo aos pedaços, que não têm condições mínimas de higiene? Tantos que quando se deitam para dormir sentem o frio e a chuva como se não estivessem abrigados – pois de fato não estão –, que passam o dia em um trabalho com condições miseráveis para ao fim de um período receber um valor lamentável em dinheiro?
Pessoas sem chances de obter grande conhecimento na vida, de entender no cerce quais são seus direitos. Seres humanos desprezados por seus semelhantes por causa de um simples papel intitulado dinheiro. Como é acreditar em Deus nessas situações? Vivendo como indigente, assistindo o conforto e sucesso alheios e se sentindo desprezado?
Sei que há muitos que mesmo assim creem em Deus veementemente. Fazem suas preces diárias e mantêm a esperança, ainda que às vezes abalada. São essas pessoas que incitam minha curiosidade, que quero conhecer de perto, conviver e descobrir como é amar e servir a Deus, apenas por estar vivo; saudável ou não. Penso que só assim terei conhecido o verdadeiro significado do amor divino.
Por outro lado, não se pode condenar alguém que, com uma vida miserável, não crê em Deus. Afinal, estamos acostumados a ter algo em troca por esse amor. E nem todos têm humildade e vontade de compreender o amplo significado da relação divina. Mais razoável seria culpar aqueles que, por usufruírem do dinheiro alheio ou não aplicá-lo corretamente, por egoísmos e ganância, tiraram de muitos a oportunidade de confiar em Deus.
É fácil culpar a divindade pelos acontecimentos cruéis do mundo. Complexo é nos responsabilizarmos por isso. Nós, criadores e mantenedores das sociedades. Fazedores de leis, ocupantes de cargos públicos e políticos. Inventores da democracia, da demagogia, do capitalismo, dos padrões financeiros, estéticos, dos crimes e de toda realização individualista e desumana. Poderia ser coisa do demônio, mas não. Porque, afinal, nós somos os responsáveis pelo que alimentamos em nós mesmos; seja o bem, seja o mal.

Comentários

  1. Olá, Andreza, tudo bem?
    Estou te escrevendo para dizer que gostei muito do seu Blog e,principalmente,que me identifiquei bastante, afinal, também quero ser jornalista venho procurando um Blog assim como o seu há tempos, fiquei imensamente feliz de encontrá-la! Mas uma vez, meus parabéns! Beijos.. E eu estrei sempre por aqui a partir de agora.

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  2. Olá Jéssica. Agradeço muito que tenha gostado e obrigada pelo elogio. Criei esse espaço para opinar um pouquinho sobre a realidade do nosso país e, às vezes, do mundo. Espero que decida por jornalismo sim, é um ótimo meio de contar a realidade. Espero que volte sempre ;)

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