O Brasil de Joaquim Barbosa
Presidente do Supremo Tribunal Federal, desde 10 de outubro de
2012, o ministro Joaquim Barbosa passou de um simples integrante do STF para uma
figura polêmica e aclamada pela população brasileira, especialmente por sua
atuação no julgamento do caso do “Mensalão”, em que demonstrou intolerância
para com os envolvidos com o esquema.
Barbosa é uma figura tipicamente brasileira, estudou e trabalhou
desde cedo e conseguiu “vencer na vida” com os próprios esforços. Com a saúde
debilitada, tem um perfil introvertido – de alguém que tem razões para
suspeitar do mundo. Eficiente, estudioso e, aparentemente, honesto. Ainda assim,
foi indicado ao STF por Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.
Contrariando a lógica, apesar de ter sido aclamado pela mídia
nacional e considerado Personalidade do Ano de 2012 pelo jornal O Globo – o que
mais defendeu sua honra, é bom lembrar – Barbosa parece ter certa aversão pela
imprensa brasileira (infelizmente, com toda razão). Mas o ministro também
recebeu todo o apoio nacional em seu desempenho no julgamento do Mensalão.
Barbosa foi ovacionado pelos brasileiros e até tornou-se máscara
de Carnaval. Anteriormente desconhecido pela maioria, Barbosa transformou-se em
herói nacional e passou a ser acompanhado por muitos. É notável que o povo
brasileiro sentiu-se vingado, de “alma lavada” com a atuação do ministro.
Claro que
surgiram boatos e opiniões contrárias, de que suas atitudes eram friamente
calculadas para que obtivesse a atenção nacional e Lula levasse o mérito pela
indicação (intriga da oposição). Ou ainda que o presidente do STF estaria
contrariando a Constituição e a democracia do país com sua posição inflexível
(só no Brasil mesmo).
Houve também os desentendimentos com a imprensa, inclusive em
episódio com Barbosa mandando repórter ir “chafurdar na lama”. Ainda assim, o
mais curioso dessa história – que acabou virando uma novela com duração de quatro
meses e meio – foi o surgimento de um antagonista para equilibrar as coisas no
Judiciário: Ricardo Lewandowski, ministro desde 2006, também indicado por Lula,
mas com um currículo menos pomposo.
Durante o processo de julgamento dos 25 acusados de participação
no esquema de compra de votos, os pareceres dos dois ministros quase sempre
eram contrários (a julgar pelo que foi divulgado pela mídia). Mas as desavenças
não foram nada sutis como se poderia esperar. Houve certo desrespeito e até
acusações entre as partes. E os demais ministros da Corte tiveram de seguir o
lado bom ou o mau. A maioria, nada besta, virou seguidor de Barbosa, claro.
Jornalisticamente, aprendemos a duvidar de todas as verdades. Mas nesse
caso estou com Barbosa. Admiro sua trajetória e concordo com sua posição.
Todavia, é uma opinião pessoal. Entretanto, analisando o cenário geral, há de
se considerar os efeitos da repercussão do julgamento sobre a população.
Um presidente do Judiciário transformado em
herói por agir legalmente contra atos corruptos, demonstra a deficiência dos
brasileiros tanto em compreender seus Poderes quanto em cobrar que funcionem devidamente.
No fim das contas, o ocorrido serviu para aquisição de conhecimento por boa
parte dos cidadãos, que, em muitos casos, desconheciam a função dos ministros
do STF.
Fotos: http://bit.ly/ZdCM5I
Consultas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Barbosa
Recomendo: http://bit.ly/Z7AmXb
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