Operação Casamento
Apesar dos dados do Censo 2010 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontarem que em dez anos o número de divórcios no Brasil quase dobrou, passando
de 1,7%, em 2000, para 3,1% em 2010, casar ainda compensa. Para muitos, inclusive, é
a melhor coisa que acontece ao longo da vida. Para outros é a única. E é aí que
mora o problema: o casamento é considerado o auge do sucesso pessoal,
sobrepondo todas as outras escolhas da vida.
Você pode ser chamado para trabalhar em uma
multinacional em Nova York, pode ganhar o prêmio Nobel, conhecer todos os
países do mundo, ajudar pessoas, ter uma ONG, combater em uma guerra, mas as
pessoas só vão considerá-lo feliz se... você for romanticamente comprometido.
Se, aos quinze anos você tiver feito uma lista
de objetivos para sua vida e aos trinta já tiver realizado todos os itens, mas
não tiver um companheiro (a), as pessoas ainda vão querer saber por que não há
uma aliança em sua mão esquerda. Ah, e se esse item não constasse na sua lista?
Bom, aí você poderia ser leproso, que ainda receberia menos olhares de piedade.
Casar não é fácil, todos sabem, menos os casados,
aparentemente. Estes fazem o casamento parecer a meta da vida, ou pior, a única
meta, equivalente, para um alpinista, a chegar vivo ao topo do Everest. É como
se todos os casados tivessem feito uma viagem ao céu e agora quisessem vender uma
passagem para os solteiros, apenas se esquecem de avisar o preço.
Você vê aquele casal que consegue brigar três vezes
em duas horas juntos ou ouve a eterna reclamação de que o sexo inexiste após o
casamento, mas “casamento é o máximo”. Porém é quando o casal resolve “lavar
roupa suja” no churrasco de domingo na frente de todo mundo, que você se dá
conta das incongruências de todo esse ‘marketing do casamento’, que está mais
para uma viagem ao penhasco: pode ser lindo, mas se você cair...
Tá na cara que casar não é tudo isso, ou melhor,
pode ser sim, quando duas pessoas se unem unicamente por quererem estar juntas
e não por convenções sociais. Não por interesses financeiros, não apenas para
tornar-se mãe ou pai, não apenas para fazer sexo ou para demonstrar felicidade
aos outros. Infelizmente, no entanto, é cada vez menor o número de casais
“amáveis”; aqueles que nos fazem querer experimentar essa união.
Os jovens que antes prezavam pela solteirice,
nos tempos atuais já estão com filhos no colo aos 18 anos. E, você com seus 30
e poucos ainda está começando a pensar em juntar os trapinhos. Não, o problema
não é com você. Claramente, a liberdade lhe permite casar quando quiser,
todavia não basta ter liberdade, é preciso usá-la com moderação.
Um dos principais motivos para essa “operação casamento” é que a maioria das pessoas não suporta conviver consigo mesma por
muito tempo e nem sabe lidar com a pressão social. Tem sempre um amigo para
apresentar alguém; uma senhora que se espanta com a solteirice; uma situação embaraçosa
com o termo solteiro (a) em um
cadastro ou o seguro do carro que é mais caro para os livres.
Enfim, a sociedade está envolta em uma “missão
para casar”, mas cabe a cada um decidir o momento e a pessoa certos para dar
esse passo. Afinal, aliança no dedo dos outros é só um ornamento, mas no seu
pode se tornar uma verdadeira algema ou um desperdício de ouro. Decida por você
e case com moderação!
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