O por que da divisão do Mato Grosso


Há uma tendência no Brasil de se considerar apenas o estado de São Paulo como suficientemente desenvolvido. Em contrapartida, outras regiões do país tornaram-se esquecidas e, de certo modo, independentes. O Estado de Mato Grosso do Sul é uma demonstração dessa propensão, se observarmos que seu desmembramento do território de Mato Grosso ocorreu por razões pouco consistentes e baseado em ideais políticos.
Não existem comprovações de que a divisão que originou o Mato Grosso do Sul, em 1977, tenha trazido mais benefícios que malefícios para a população do estado, e isso demonstra que a atitude foi tomada devido aos interesses de determinados grupos políticos, sem o verdadeiro consentimento dos cidadãos.
Para Marisa Bittar, doutora em História da Universidade Federal de São Carlos, a ação foi “articulada aos interesses geopolíticos da ditadura militar que, então, de cima para baixo, sem consulta às duas populações interessadas – do norte e do sul – dividiu Mato Grosso”.
Ainda de acordo com Marisa, o regime tinha a intenção de impulsionar o desenvolvimento e a ocupação territorial, guarnecendo as fronteiras que o Estado mantinha com o Paraguai e a Bolívia. Além da razão política de criar uma nova unidade federativa no sul, favorecendo um forte grupo político da Arena, passando a contar com mais uma base de apoio.
Desse modo, Mato Grosso do Sul foi administrado, desde sua fundação, por políticos que detinham o poder, mas não o compromisso ou a habilidade de progredir o estado, investindo em seu desenvolvimento. Mesmo assim, conseguiram manter-se, ou a seus aliados, no poder, sem, entretanto, dar continuidade as realizações que haviam tido sucesso.
Esse distanciamento do progresso culminou em mais um estado independente, mas não autônomo no que diz respeito a possibilidade de crescimento econômico e social. Todavia, o uso eficiente da comunicação por seus administradores, permitiu que determinados políticos revezassem o poder sem apresentar mudanças práticas salutares.
Isso comprova que a comunicação utilizada por políticos, há muito, tem sido eficaz na influência dos cidadãos, não só no Mato Grosso do Sul, mas em todo o território brasileiro, onde a ausência de conhecimentos aprofundados sobre política por parte da população, tem tornado eficaz o resultado da informação divulgada a partir de interesses pessoais.
É o caso de Estados em que famílias detêm o poder político e de comunicação durante várias gerações e o coronelismo ultrapassado predomina, possibilitando manobras até ilegais por parte desses políticos, sem que a impressa possa ou queira denunciar amplamente essas realidades vivenciadas em estados com menor poder aquisitivo e distante do grande centro (região sudeste e parte do sul).
O Brasil não é um país em que cada estado possui sua própria constituição, como nos Estados Unidos da América. Mesmo assim, o governo federal exerce pouco a autoridade de fazer cumprir a democracia instituída. É provável que a grande extensão territorial seja o motivo para esse distanciamento entre o desenvolvimento ocorrido nas regiões sul e sudeste e nas outras áreas do país.


Fonte: Hércules Farnesi 

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