O cálculo da poupança mudou, mas e daí?
Se
você não entende de economia e sempre preferiu a garantia do retorno – mesmo
que mínimo – das suas aplicações, é provável que costume investir seu dinheiro
na poupança, certo? Mas após a nova medida provisória do Banco Central, em que
a taxa Selic foi atrelada ao cálculo da renda financeira daquele que era o
investimento mais estável do país, é possível que você esteja revendo sua
posição.
Até
o dia 4 de maio, o critério de remuneração da poupança era de 5% ao mês (ou
6,17% ao ano) mais variação da Taxa Referencial (TR) – índice do governo para
calcular o rendimento de diversos investimentos. Ou seja, se uma pessoa tinha
mil reais aplicados na poupança, após um mês, teria pelo menos 1.005 reais,
rendimento de 5 reais mais a variação da TR.
Com
a nova regra, sempre que a Selic for igual ou menor a
8,5%, a remuneração da poupança será de 70% da Selic mais a TR. Ou seja,
com a Selic a 8,5%, a poupança terá rendimento de
5,95% ao ano mais a TR, totalizando 6,17%. Portanto seu investimento de R$ 10
mil renderia, após o período de um ano, R$ 617.
Medida Positiva
Para
o economista André Perfeito, da Gradual Corretora, que concorda com a nova
regulamentação, a taxa básica de juros é uma herança da década de 80, ao passo
que a poupança é centenária, por isso a caderneta, tal como a conhecemos, não
se sustenta mais em um ambiente em que outros investimentos acabam em
desvantagem. “Flexibilizar a rigidez da poupança com uma taxa flutuante, como a
Selic, é importante e facilita movimentos mais ousados com relação à própria
taxa”, enfatiza André Perfeito.
Sérgio
Vale, economista-chefe da MB Associados, também avalia positivamente a mudança.
“Essa medida não deixa de ser um avanço num governo que estava muito pautado em
medidas de curto prazo”, comentou, elogiando o fato de a resolução ter sido
"para todos".
A caderneta de poupança
continua tendo uma remuneração adequada na concorrência com outros ativos
financeiros, segundo a avaliação de Luiz Roberto Cunha economista da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). “E se você tiver que ter uma
alta da Selic, por alguma razão, como inflação mais alta, não dará à poupança
um ganho maior do que ela tinha no passado”, explica.
O economista ainda esclareceu
que quando a Selic cai, todas as outras aplicações financeiras de juros têm
remuneração menor. Por isso, não havia razão para o aplicador na poupança ter
uma remuneração garantida mais alta.
O economista-chefe
da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) Rubens Sardenberg, comentou que a
alteração permite que a Selic continue em queda. “Isso porque, se o rendimento
da poupança (que não paga Imposto de Renda) se tornar mais atrativo que o dos
títulos públicos, o governo teria dificuldade em vendê-los para rolar sua
dívida”, diz.
Como é definida a taxa
Selic?
Quem estabelece a taxa é o Comitê de Política Monetária
(Copom), um órgão composto pelos oito membros da Diretoria Colegiada do Banco
Central e liderado pelo presidente da autoridade monetária – atualmente,
Alexandre Tombini.
Após a medida
provisória
Contrariando o receio da maioria dos
investidores inexperientes, o ano de 2012 deverá ser de captação recorde para a
caderneta de poupança. Bastam pouco mais de R$ 2 bilhões em novos depósitos
para que o montante de aplicações, descontados os resgates, supere os R$ 38,7
bilhões registrados em 2010, é o que aponta o economista Marcelo d’Agosto.
“O interesse dos investidores pela
tradicional aplicação tem sido muito grande”, diz d’Agosto. O economista disse
ainda que desde que as mudanças nas regras de remuneração foram anunciadas, em
maio, a captação explodiu. O ritmo médio de entrada de recursos é de R$ 5,4
bilhões por mês e, no ano, as aplicações somam mais de R$ 36 bilhões.
Portanto, a medida do Banco Central não
diminuiu o rendimento da poupança, apenas tornou possível a concorrência mais
justa entre este e outros investimentos, facilitando o rolar da dívida para o
governo.
Fonte: Uol/Ig/Exame/Época/Veja
Fonte: Uol/Ig/Exame/Época/Veja
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