No mundo moderno, interesses profissionais se sobressaem aos pessoais...
Devido ao crescimento e à estabilidade da economia
brasileira nos últimos anos, cada vez mais os profissionais atuantes no mercado
de trabalho dispensam mais tempo às tarefas do encargo que ocupam, pois acredita-se
que é essa alta produtividade que gera lucros e atende as expectativas da
empresa.
Mas e as perspectivas pessoais, acompanham todo
esse empenho profissional? E, até que ponto a carreira é um investimento
pessoal? São essas as questões levantadas na edição 1027 (31/10/2012) da
revista EXAME, em sua reportagem de capa, baseada em uma pesquisa da consultora
Betânia Tanure.
A pesquisa aponta que os executivos brasileiros
gastam hoje mais de 14 horas diárias com o trabalho. Em 2006, eram 13 horas. A
quantidade de executivos que trabalham em todos os fins de semana saltou de 26%
para 85% e as férias de 30 dias já se tornaram um luxo dispensável para a
maioria. Muito embora, o estudo da nossa reportagem tenha sido direcionado aos
executivos brasileiros, essa é uma tendência para os profissionais de todas as
áreas, no Brasil e fora dele.
A alta tecnologia é uma aliada dessa nova
perspectiva de vida, em que o período de trabalho ultrapassa o imposto pela
legislação, afinal, o colaborador de uma empresa continua trabalhando pelo
celular ou computador pessoal, mesmo estando em um restaurante ou dentro de uma
condução.
Aliando-se os objetivos profissionais à comodidade
dos aparelhos tecnológicos, e acrescentando ainda a concepção de que o sucesso
na carreira é uma meta pessoal e depende de todo o esforço aplicado, está
pronta a fórmula para o sucesso na carreira e... o fracasso nos demais âmbitos
da vida.
É irônico que depois de séculos de evolução e busca
por direitos trabalhistas, ao invés de utilizarmos os benefícios adquiridos
para melhorar nossa qualidade de vida, contrariamos a lógica e nos rendemos às novas
imposições capitalistas. Só que, dessa vez, por vontade própria, novamente com
jornadas excessivas de trabalho, desconsiderando as questões pessoais como
saúde, lazer, relações e proveito pessoal.
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