ENTRE O CAPITAL E O SOCIAL


O que é melhor: Uma sociedade em que algumas pessoas são muito pobres e outras extremamente ricas, mas onde você tem a chance de transitar de uma classe para outra. Ou um sistema em que todos têm a mesma condição financeira, mesmo que beirando a pobreza?
É natural preferirmos enxergar a possibilidade de “melhorar de vida” do que vermos a todos numa condição quase miserável. Digo miserável, me referindo a Cuba, um país adepto de um socialismo que não deu certo, talvez pelas raízes ditadoras dos irmãos Castro ou por não ter levado em conta as ideias de alguns revolucionários. 
O fato é que aquele país sobrevive até hoje e, embora a renda per capita dos cubanos seja baixa, eles não precisam despender seus salários em impostos absurdos, em saúde, educação distinta e transporte. No socialismo, essas necessidades são tratadas como tal, são gratuitas e, em sua maioria, de ótima qualidade.
Mas é perceptível que nossa sociedade capitalista não compreende o sistema de Cuba e não tem interesse nenhum nisso, pois estamos ocupados estudando oito horas por dia e trabalhando mais oito, gastando parte do nosso salário em apostas nas loterias, sem perceber qual a probabilidade real de ganharmos.
Fazemos tudo para alcançar a classe alta e assim ignoramos crianças pedindo dinheiro no sinal e idosos sofrendo em filas imensas nos hospitais públicos. E ainda nos consideramos inteligentes, superiores. Ser capaz de ficar doente de tanto trabalhar, apenas pela esperança de um dia mudar de vida é fácil. Difícil é deixar de ir numa reunião importantíssima que lhe renderá uma promoção para ajudar uma criança que está machucada, deitada na calçada em frente ao sinal. Ao contrário, passamos nas ruas em nossos carros insufilmados e com os vidros fechados, olhando para o lado oposto ao da criança e torcendo para que alguém a ajude, acreditando que assim a consciência não pesará tanto.
O capitalismo nos torna seres viventes de aparência. Buscamos incessantemente coisas e esquecemos as pessoas. Nos ilude, fazendo crer que temos a possibilidade de ter uma vida mais digna, quando na verdade a probabilidade disso acontecer é pequena e, mesmo quando acontece, significa que alguém passou a ter uma vida menos honrada. Por fim, trabalhamos muito e nos divertimos pouco.
            Certamente o capitalismo não é culpado por toda a maldade do mundo, mas é sua maior representação. Infelizmente apreciamos essa sociedade consumista e as possibilidades pseudo-reais que dispomos.
    Ainda assim, embora conviva discordando do capitalismo, não acredito que o socialismo resolveria todos os problemas da nossa humanidade, pois não é um ou outro sistema que nos fará melhores. Estamos sujeitos à corrupção, ao preconceito, ao desdém, e a tudo o mais que é nato no homem, independentemente das convenções que implantarmos.                   
      Portanto, arrisco parecer clichê, mas deveríamos acreditar um pouco mais no poder que possuímos, na responsabilidade que carregamos em relação ao próximo e a tudo de mal que ocorre em nossa sociedade.        

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A origem das facções criminosas no Brasil

Back to my home country

A visão dos europeus sobre o Brasil