“Uma vez político, sempre político”



Aos 21 anos, metido à jornalista – como se considera – Adilson Selvano, já foi proprietário do bataguassuemfoco.com.br, site de notícias mais acessado de Bataguassu, município com 20 mil habitantes, no estado de Mato Grosso do Sul. A viagem diária de quatro horas – duas de ida e duas de volta – até a faculdade o obrigou a deixar a graduação de jornalismo. Com perfis em redes sociais, católico praticante, petista assumido e atualmente assessor de imprensa da prefeitura de sua cidade, Adilson mostra que apesar da pouca idade, já tem engajamento político e comprometimento social.

Andreza Galiego - Por que você se considera um “metido a jornalista”?

Adilson Selvano - Não sou formado em Comunicação Social, porém desempenho, ou pelo menos tent0 (risos), desempenhar a função de jornalista. Então nada melhor para me definir: metido à jornalista.

AG - Por motivos pessoais, você teve que interromper a graduação de jornalismo. Mas ainda assim trabalha na área como assessor político. Você considera a obrigatoriedade do diploma de jornalismo irrelevante?

AS - Certamente o diploma da profissão de jornalismo deve ser obrigatório. Acredito e concordo quando dizem que o dom de escrever pode nascer com o indivíduo ou ser por ele mesmo aprimorado. Mas acredito que o papel do Jornalista é diferente de escritor. O jornalista é um agente social e a teoria aprendida na faculdade é de fundamental importância para se formar esse agente.

AG - O bataguassuemfoco foi criado anteriormente ao seu ingresso na faculdade. Ele serviu de inspiração para a escolha da profissão?

AS - Sempre gostei de jornalismo. Quando criei o site já tinha comigo essa vontade de trabalhar na área.

AG - Você se declara petista. Não acha que isso vai contra o conceito de imparcialidade do jornalismo?

AS - É possível conciliar as duas coisas. A militância em qualquer partido político não pode sobrepor a liberdade e o direto do cidadão de ter acesso a uma noticia imparcial e de qualidade.

AG - Essa declaração lhe atrapalhou em algum momento?

AS - Acredito que não. Quando mantinha o site bataguassuemfoco mesmo sendo militante petista, sempre procurei abrir espaço para todas as correntes políticas. Acho que consegui conciliar as duas coisas.

AG - Ao aceitar assumir o cargo de assessor do prefeito João Carlos Lemes, você teve que se desfazer do site de notícias. Isso teve razões políticas ou foi uma decisão pessoal?

AS - Foi uma decisão pessoal. No cargo de assessor político eu não teria tempo e condições de conciliar as duas funções. Ou eu me dedicaria à manutenção e atualização do site ou ao trabalho de assessor.

AG - Atualmente o PT é o partido da situação no governo, isso facilita a vinda recursos para Bataguassu, em que a administração também é petista?

AS – Sim. Na política isso é fundamental, o PT em Bataguassu tem como principal aliado o PMDB, a mesma aliança nacional. Isso sem dúvidas reflete positivamente na administração. Nenhum deputado, senador ou presidente vai dar prioridade para um adversário em lugar de um aliado.

AG - Para você, católico praticante, religião e política podem ser vivenciadas ao mesmo tempo ou as ideologias acabam sendo conflitantes?

AS - A religião e a política devem ser vivenciadas. A Igreja Católica incentiva o fiel leigo a trabalhar na política, sempre visando o bem comum e a política social da Igreja. Existem momentos em que se tem algum conflito, mas como católico praticante sempre prefiro a minha ideologia de cristão. A ideologia política fica em segundo plano.

AG - Você tem perfis no Twitter e no Facebook. As redes sociais são úteis no seu trabalho como assessor?

AS - As redes sociais são uma grande tendência. Ultimamente o meu twitter está meio abandonado (risos), mas o facebook está a todo vapor, sempre procuro divulgar as ações da administração e minhas opiniões na rede.

AG - O prefeito João Carlos participa ativamente dessas redes ou o trabalho dele é apenas você quem divulga?

AS - Ele tenta, já o aconselhamos a ser mais ativo na rede, mas a dificuldade de tempo acaba não deixando. Porém sempre que possível ele posta algo, principalmente no facebook.

AG - Você pretende continuar na política ou partir para o jornalismo mais imparcial?

AS - Uma vez político sempre político. Costumo dizer que para você ser político, você não tem obrigação de exercer um cargo público. Política se faz no dia-a-dia. Tenho pretensões de continuar na política sim, mas no jornalismo também (risos), de preferência em um setor que dê para eu conciliar as duas coisas.

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