Promoção: compre um produto e leve uma sacolinha por apenas 0,19 centavos



 


Sou a favor do contrabando de sacolinhas plásticas, o que não seria um crime, já que não foi aprovada nenhuma lei que impeça a distribuição delas. Não mesmo. Nem nos supermercados. O que aconteceu na verdade, foi uma tentativa da aprovação de uma lei municipal, proposta pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PDS) (em um dia de crise, achando que as sacolinhas dominariam o mundo), que foi rejeitada pelo Tribunal de Justiça e encaminhada, após recurso, para o STF, no qual ainda não foi julgada.

Oras, então porque eu tenho que carregar minha compra como se eu estivesse roubando? Por causa de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o Ministério Público e a Associação Paulista de Supermercados (Apas), no dia 4 de abril. Ou seja, os supermercados super preocupados com a preservação do Meio Ambiente – ou com a redução de gastos, como preferir – aderiram ao acordo e não irão mais fornecer sacolas gratuitamente, nem plásticas nem de papel.

Sim, se você quiser comprar sacolinhas biodegradáveis que possuem o mesmo processo ineficaz de degradação, com a vantagem de se decomporem em cerca de 2 anos, esteja à vontade. Mas o supermercado não vai colaborar com você. Outra opção são as sacolas de pano ou caixas de papelão, porém, cuidado! Elas possuem elevado grau de contaminação microbiana. No fim das contas, você livra o Meio Ambiente, só que quem adoece é você.

Estranhamente, ao passar a comprar sacolinhas biodegradáveis ou usar a sua microbiana, os supermercados irão economizar mensalmente R$ 72 milhões. Não sou muito politicamente correta, mas se há a necessidade de exterminar as sacolinhas de petróleo, tudo bem, desde que não nos sejam atribuídos os gastos. Afinal, muitos têm o dinheiro contado para comprar apenas o indispensável e ficarão, literalmente, na mão.

Assinaram o termo, mas deixaram de lado as fabricantes e distribuidoras das 2,4 bilhões de “sacolinhas malignas” fornecidas mensalmente na capital. A obrigação de distribuir embalagens ecologicamente corretas deveria ser imposta a eles. Afinal de contas, todos os outros comércios continuarão fornecendo as mesmas sacolas de petróleo. Não é preciso ser lá um Einsten para notar que a proposta é descabida e só vai obrigá-lo a gastar mais com sacos de lixo, que são feitos do que mesmo?

Por isso apóio o contrabando de sacolinhas. Essa proibição disfarçada ainda vai gerar um mercado alternativo. O que me impede de comprar um estoque de sacolas diretamente dos fabricantes e vender a 0,9 centavos na porta do supermercado? Hein? Topas? Lembrando que o que prejudica o Meio Ambiente não são as sacolinhas, afinal elas não possuem poderes especiais, mas sim o modo como são descartadas. Coisa de Brasil: ao invés de conscientizar, mais fácil proibir.

Fonte: UOL/Terra /G1/Envolverde (Jornalismo e Sustentabilidade)

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