O PSDB rumo à Presi(deca)dência





O PSDB já foi um partido poderoso, capaz de ditar o que era melhor para o Brasil. Não é mais. Embora ainda divida o poder com o PT, há muito deixou de influenciar, ao menos, a opinião pública. Uma boa hipótese para isso é a incompetência, talvez gerada pela acomodação. Hoje, o PSDB é um partido incapaz de apresentar um trabalho eficiente seja como situação seja como oposição.
José Serra é a representação perfeita de um partido totalmente desnorteado e desprovido de ideologia. Serra tanto quanto o PSDB, faz o possível para se manter no poder, seja municipal, estadual ou federal, de grêmio estudantil à presidência. As recentes notícias demonstram que “largar o osso” não é a intenção de Serra que já ocupou diversos cargos políticos - todos em São Paulo. Dessa vez ele foi eleito, na prévia do partido, com 52,1% dos votos, para ser pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.
Entre Prefeitura e Governo, o PSDB está no poder de São Paulo há quase 20 anos e supõe-se que nesse longo período o partido tenha feito um excelente trabalho no Estado. Mas o que se vê de fato é um Estado onde só se foi feito o que era inadiável. Só a cidade de São Paulo abriga mais de 20 milhões de pessoas e, claramente não é simples governar essa imensidão mais os aproximadamente 645 municípios. Por isso,  alguns avanços conquistados a partir de bons investimentos de recursos públicos  em Educação, Saúde, Transporte e Segurança em todo o Estado, merecem ser notados.
Todavia o básico não foi suficiente, já que São Paulo é o estado mais desenvolvido do país. E, por isso mesmo, parece que não recebeu todas as melhorias que seriam possíveis  e necessárias nesses longos anos, especialmente com a quantidade de verbas que o Estado gera. É claro que não dá para prever se outro partido teria um desempenho mais satisfatório, mas certamente o histórico do PSDB vai servir de parâmetro e exemplo (a não ser seguido) para todas as futuras gestões.
A notícia de que Serra poderá ser novamente prefeito de São Paulo, a mim, não soa nada boa e acho que nem à maioria dos paulistas e paulistanos. Mesmo os que apoiam a gestão tucana serão sensatos o bastante para concordar que manter um mesmo partido no poder por tanto anos, traz mais malefícios do que benefícios. Essa situação somente facilita a corrupção, visto que possibilita alianças entre empresas e políticos e uma familiaridade com os processos da administração, que gera um acúmulo de conhecimento, passível de ser utilizado para interesses próprios. A sociedade, nesses casos, passa a ser segundo plano, apenas um instrumento para que políticos e empresas façam do Estado e de sua Economia, o que bem entenderem.
Se o PSDB ainda possui uma ideologia, só pode ser a de permanecer nos poderes mais influentes do país a todo custo. Seja pagando mico, mudando de ideia, de aliado ou não exercendo a função de oposição. Durante os últimos 10 anos de PT no governo federal, os tucanos aceitaram gentilmente as críticas a respeito das famosas privatizações, realizadas no governo de FHC. O comportamento foi, no mínimo, suspeito, quase uma confissão de culpa, já que o sistema usado para as privatizações na década de 90 foi extremamente defeituoso e prejudicial à economia do país.
Além disso, a atitude foi covarde, já que os tucanos tiveram medo de assumir a autoria e a real necessidade das privatizações. Porque, mesmo que realizada de maneira errada, se não tivessem sido feitas naquela época, hoje o PT provavelmente não contaria com as mesmas possibilidades para fazer as melhorias que fez no país e, consequentemente não teria conquistado toda a aprovação na presidência. Mas isso os tucanos não foram capazes de admitir por receio da perda de popularidade - já bem reduzida - e, durante o mandato de Lula, o Brasil não soube qual a função de uma oposição ou se quer se ela existia.
Todos esses motivos me fizeram, como jornalista, repensar minha posição, antigamente favorável ao PSDB. E Serra é o principal influenciador dessa opinião, não por ter fingido beijar a mão de um cidadão, pois poucas pessoas no mundo fariam isso na mesma situação, mas por ter deixado de lado a sua função de trabalhar pelo povo e promover o progresso de São Paulo para se preocupar com seus próprios interesses. O pior de tudo é perceber que os brasileiros têm apenas duas opções para governar o Estado e o país, e nenhuma delas é boa o suficiente para garantir melhor qualidade de vida para a população.


Um oferecimento à Adilson Selvano: https://twitter.com/#!/adilsonselvano

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