A responsabilidade do jornalista



O jornalista é muito mais responsável pela sociedade em que atua do que se imagina. Em um país como o Brasil em que existe um jornalismo político, por exemplo, é possível notar as razões de uma população tão alienada de seus direitos e deveres. A política do poder reina nessas terras desde o tempo da descoberta e isso impediu que brasileiros conhecessem um jornalismo que se importa com o povo.
A responsabilidade do jornalista não é mostrar os fatos de forma imparcial, peca-se por levar isso a sério. Além de noticiar a realidade, o profissional precisa ter um lado, o lado da justiça. É essa posição que diferencia os jornalistas que mudaram alguma coisa daqueles que só transmitiram os fatos.
No Brasil, a Ditadura Militar foi um dos poucos momentos em que o jornalismo teve uma função social de verdade. Ironicamente, foi a época em que jornalistas não tinham direito de expressão e por isso tiveram de lutar. Conseguiu-se acabar com o sistema, mas também exterminaram o motivo que levava os jornalistas a combater junto ao povo.
Nossa sociedade não aprendeu a conhecer seus direitos e o jornalismo não aprendeu a mostrá-los. Em um país repleto de problemas e injustiças, mas camuflado por uma política milionária, os jornalistas não se deram conta que nossa situação não é muito diferente do que ocorre no continente africano. Há gente morrendo de fome, de enfermidade. Existem locais em que pais abusam sexualmente ou escravizam filhos. Há locais em que a lei não existe, há o tráfico de drogas e de armas. Mas porque os problemas não parecem tão graves?
Porque o jornalismo funciona como mero meio de informação. Porque se ensina a imparcialidade nas faculdades. Não dá pra ser diferente quando as concessões midiáticas são propriedade de políticos, quando uma rádio comunitária não pode ter fins lucrativos, mas recebe dinheiro público de governantes para anúncios a favor de tal política.
Enquanto celebridades tiverem mais espaço nos noticiários do que as pessoas que morrem na fila de espera para uma consulta ou da criança que muda de série sem saber escrever o próprio nome, nossa sociedade continuará sendo medíocre, tendo um jornalismo que funciona para continuar promovendo essa cegueira coletiva. 

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