Mas tudo bem...


É sabido que as coisas por aqui não andam bem. O Brasil tem vícios que carrega há alguns séculos e dos quais nem tenta se livrar. Dependências quase biológicas, alimentadas de geração em geração. No mundo, o “jeitinho brasileiro” é bastante conhecido, mas por aqui pouco o percebemos, afinal, está enraizado.

Tentamos nos livrar dos altos impostos com algumas artimanhas, mas tudo bem, nos são cobrados os impostos mais abusivos do mundo.

Agradamos os professores porque precisamos de nota, mas tudo bem, o sistema educacional está acima das nossas capacidades mesmo.

Furamos a fila no banco porque temos pressa, mas tudo bem, afinal, porque a fila tem de ser tão longa?

Fazemos contas que não pretendemos pagar, mas tudo bem, não temos culpa se o salário é tão pequeno.

Viramos políticos para melhorar o país, mas quanto se ganha por essa ideologia? É, talvez seja melhor deixar como está.

Fingimos não ver os problemas da situação educacional, social, da saúde. Mas se não os vemos é porque talvez eles não sejam tão grandes assim.

Gastamos milhões para sediar eventos mundiais que não melhorarão nada por aqui, mas o que é que tem? Se não gastarmos com infra-estrutura inútil o dinheiro vai todo para os bolsos de políticos mesmo.

Proibimos o uso de armas porque é mais fácil do que educar a sociedade. Mas pelo menos fazemos algo a respeito da criminalidade.

Mandamos bandidos pra cadeia, mesmo sabendo que eles sairão “diplomados” de lá, tudo bem, pelo menos nos livramos deles por uns tempos.

Mas somos trabalhadores. Quase não criamos feriados e nem queremos ser funcionários públicos, já que esses, ah coitados, trabalham demais.

Podemos ganhar na loteria, então pra que estudar?

Reclamamos do sistema, mas tudo bem, ainda nem passamos tanta fome assim.

Se a fé move montanhas, o dinheiro move o brasileiro. Somos pobres e moramos num país milionário que, todavia, só gera pobrezas. Miséria cultural, social, educacional e moral. Conhecemos a ética somente de ouvir falar, quase uma lenda.

Brasileiro é honesto e adora reclamar de político, entretanto não percebe que os políticos não vieram de Marte, nasceram e cresceram em solo verde-amarelo.

Só que aqui, onde tudo é possível, desde que se tenha dinheiro, também há um povo carente, manipulável, que acredita em tudo que lhe é dito. Um povo bom. Um povo bobo. Herança dos antepassados índios, que só conheciam a inocência até que uma outra nação, repleta de interesses, deu as caras por aqui. A partir de então, tudo passou a ser um sistema de troca. Só não se troca o ruim pelo bom.

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