Ana e Mia: doenças do século XXI

      Anorexia e Bulimia são doenças psicológicas de distúrbio alimentar. Transtornos que viraram moda por causa da moda. Não digo isso na intenção de menosprezar o problema, mas sim de mostrar a sua origem. As exigências para a profissão de modelo, até um tempo atrás eram absurdamente insanas. Mulheres magérrimas competiam entre si para ver quem demonstrava mais os ossos.  
      Que mulheres magras são mais fáceis de serem vestidas é aceitável, já que os estilistas nem sempre fazem roupas, mas projetos, algo como jogar um pano sobre uma modelo e mandá-la desfilar. Mas daí essas modelos quererem ser o mais magra possível para um ser humano já é algo grave. Gostarem de ser assim, é pior ainda. Terem agentes que concordem com isso é bastante perigoso. Unindo tudo isso, é possível entender o porquê desses distúrbios alimentares. Afinal, nem todo mundo é geneticamente magro, então foi preciso descobrir uma forma para que todos pudessem fazer parte do padrão. Nascem aí essas doenças. 
     Mulheres profissionais deixam de se alimentar em nome da carreira e outras tantas que não têm a mesma facilidade de privação, comem e, em seguida, forçam o vômito. O mais absurdo disso é saber que há milhões de pessoas no mundo que não têm o que comer. Minha mãe disse algo que para mim faz todo sentido. "Se essas tantas mulheres, principalmente jovens, dedicassem um pouco mais de suas vidas a outras pessoas, muito provavelmente não teriam esses problemas".
    Todavia o mais perturbador é constatar que esses distúrbios não se restringiram apenas às passarelas e suas modelos. Ganharam o mundo. São doenças que atingem pré-adolescentes, crianças de dez anos, que são influenciadas pelo mundo da Barbie. Crianças que deixaram a infância de lado para se tornarem bonitas. Como se a beleza pudesse ser igual para todas. Mas não são crianças magras como as que vivem na África, pois estas não têm tempo para se preocupar com beleza, mesmo assim são pele e osso, não porque querem, e sim por não terem escolha. 
      Há centenas de sites na internet que cultuam essas doenças, pessoas que vêem a anorexia e a bulimia como estilo de vida, como direito ao livre arbítrio, parece loucura, eu sei. É por ai que podemos ver o quanto estamos doentes, fascinados por um padrão de beleza que nem se quer existe. Até a palavra gorda parece feia. Mas mostrar todos os ossos é bonito? Obesidade é ruim, mas tirar duas costelas para ser magra é bom? Privar-se da alimentação até suicidar-se é ser bela? Comer e vomitar é um hobby? Estragar os órgãos e os dentes pondo pra fora o alimento que muitos fariam de tudo para ter é comum? 
        Acredito sim que esses transtornos sejam doenças, mas são doenças do século XXI, da era em que idolatra-se a beleza, cultua-se o corpo “sarado”. Era em que o ego é o que realmente importa. Tenho esperanças de que o mundo volte ao normal. Que as pessoas exijam menos de si mesmas. Que se cuidem e se amem, de forma saudável. Que sejam mais solidárias e que doenças como essas deixem de existir. Que passemos a admirar a imperfeição e não permitir que nossas crianças sejam influenciadas por ilusões. Que possamos voltar a gostar de comer.
        E minha esperança começou com aqueles estilistas que deixaram de contratar modelos que estavam abaixo do peso considerado saudável. Com aqueles que tentam impedir que sites sobre a ana e a mia – nomes dados “carinhosamente” à esses transtornos por suas adeptas – não continuem acessíveis. Enfim, espero que os jovens sejam influenciados por coisas úteis e saudáveis.

Fica aí um vídeo que resume essa busca por um padrão irreal.



Fontes: Discovery Home and Health/ Youtube

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