"Oi, tudo bem?"

        Engraçado como o "tudo bem?" tornou-se um cumprimento como "oi" e "xau" aqui no Estado de São Paulo. Hoje estava no supermercado e ouvi meu pai cumprimentar um "conhecido"; meu pai disse oi e o "conhecido" disse "tudo bem?" de forma tão automática que achei ter ouvido um robô. Sério, foi estranho. E realmente esse costume pega, pois eu mesma que achava meio idiota perguntar pra alguém que pouco conheço se ele está bem - como se eu fosse extremamente importante ao ponto de uma pessoa com a qual não tenho intimidade nenhuma viesse se desabafar comigo - hoje tenho a mesma mania.
        Mas mais incrível do que dizer "oi, tudo bem?" é dizer isso de forma tão automática que mais parece uma frase de palhaçao-tentando-se-enturmar-com-criança do que um cumprimento. Algo do tipo: "Oi, tudo bem? Quantos anos você tem? Mesmo que a pessoa ou criança quisesse dizer que está ou não bem, não teria tempo. E mais estranho do que perguntar se está tudo bem é responder a pergunta. Sim, tem muita gente que aproveita pra se gabar da própria vida e outros pra se lamentarem e, pior, gastam um bocado do seu tempo, e você mal está escutando o monólogo e, mais doido ainda, a pessoa sabe que você não está interessado em saber se ela comprou um carro ou se perdeu o marido.
       E há, também, as variações como "e ai, tdb?", "E aí, como tá?", "Jóia?" (minha avó já usava essa), "Bele?" ou "Bom?" (essa é pra hora que você está caminhando na rua e vê alguém com quem estudou na 8º série, ou seja, está com pressa e não tem a menor curiosidade em saber se ela casou ou virou prostituta). Mas, convenhamos, essas variações são até um alívio, não acha? Pelo menos dá pra mudar a frase naqueles dias em que você encontra 30 "conhecidos" na rua.

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